22/02/2008

Nunca vou te abandonar


Pra quem tá de fora é motivo de piada. Mas quem tá passando pela situação sente uma tristeza profunda com uma pontinha de orgulho pela fidelidade. Assim é a situação da torcida de um grande time do nosso país (nem preciso falar qual). Apesar de ser da turma verde e branca, grande rival desses que amargam a segunda divisão eu admiro a atitude que ele tem tomado. Não que seja algo surpreendente ou novo no futebol, pois até mesmo quando meu time passou pela mesma situação meu sentimento não foi diferente, mas o fato se tornou bem evidente dessa vez.
Da onde vem esse amor pelo futebol? E quando eu falo em amor não é exagero, quem sente sabe disso (mas não é meu caso).
Clubes, camisas, títulos não enchem barriga ninguém, não dão dinheiro (a não ser que você seja um empresário, cartola, ou trabalhe em um jornal esportivo), não trazem "felicidade", no máximo alguns momentos de alegria e motivos pra torrar a paciência dos colegas dos outros times na segunda-feira. Mas ainda assim arrastam multidões apaixonadas aos estádios. Isso é
o de menos, não seria (novamente) exagero citar que existem casos de pessoas que entregariam a própria vida, se isso fizesse a diferença, por consideração ao clube do coração.
O sentimento é lindo, não há como negar, mas o motivo é besta, burro. Preferimos idolatrar nossas equipes de futebol esquecendo muitas vezes de ter um mínimo de respeito por nossas famílias, amizades, estudos, empregos e até por nós mesmos.
Esses sim são merecedores de nosso sentimento, capazes de nos retribuir, trazer-nos o mínimo de recompensa em resposta ao que fazemos por eles. Mesmo o nosso país (não a seleção brasileira), tem sido deixado de lado, ninguém mais o defende com unhas e dentes, ou se orgulha de fazer parte dele.
Não abaixamos a cabeça quando somos rebaixados, encaramos de frente humilhações ferrenhas, tudo por motivos tolos. E já não conseguimos demonstrar amor a nossos pais, trabalhar com dignidade e defender as idéias em que acreditamos.


"Ora estava Pedro assentado fora no pátio; e, aproximando-se uma criada, lhe disse: Também tu estavas com Jesus, o galileu. Ele, porém, o negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes."
(Mt.26:69-70)


Quantas vezes não repetimos a atitude covarde? Negando aquele que acima de qualquer coisa: pessoa, time ou reputação é capaz de nos dar algo significativo. Felicidade de verdade, satisfação, alimento que mata a fome e água que mata a sede. Pra Ele é que devemos declarar: Nunca vou te abandonar, porque você me amou primeiro.

Um comentário:

Rita disse...

Meu time né Josué. hahaha.
Pessoas que vem na quarta a noite ou domingo a tarde o unico motivo de diversão de suas semanas vazias, que quando assistem o jogo realizam o "sonho de moleque" de um dia ser um grande jogador de futebol, ou até aquele que se sente incluido pela primeira vez, num mundo que so o rejeita, quando numa arquibancada ele está no meio dos que torcem como ele.
Num mundo vazio como o nosso, esses argumentos atigem proporçoes de grande valor.Pessoal e socialmente.


"Preferimos idolatrar nossas equipes de futebol esquecendo muitas vezes de ter um mínimo de respeito por nossas famílias, amizades, estudos, empregos e até por nós mesmos."


Num mundo onde somos a todo momento excluidos e explorados pelo sistema, num país onde só é livre quem tem LIBERDADE DE CONSUMIR, onde o tempo é escasso pra passar ao lado de quem realmente amamos porque o chefe exige regras e pré-disposições, o normal é que coisas também superfluas acabem atingindo lugar de destaque na vida.
Ligar a tevê, pegar uma cervejinha, chama um corintiano amigo seu não custa mais que 5 reais. Por mais banal que possa parecer pra um universitário, pra quem não tem nada isso é muita coisa.